domingo, 6 de julho de 2008

o dia seguinte do último dia da minha vida

Dizem que, depois da morte, todo mundo é igual: nos tornamos meros pedaços de carne prestes a serem decompostos (lógico, sempre tem quem seja cremado, empalhado, ou coisas assim. Mas a intenção real é ressaltar que: depois que morreu, é tudo a mesma merda).

Na morte, não levamos nada conosco: toda nossa riqueza acumulada com muito trabalho (ou não) durante sua breve passagem terrena, todas as pessoas que você tanto amou, todas as conquistas e vitórias...tudo isso fica aqui na Terra, enquanto você descansa eternamente enclausurado em um belo caixão.
(nota: não quero entrar no mérito de que você vá reencarnar, ou vai assistir tudo "lá de cima" (ou lá de baixo, vai saber? Pode ter atrasado o dízimo bem na semana que foi bater as botas.) ou ter contatos espirituais com mortais. Isso aqui é um desabafo, e não um conflito religioso.)

Então, se não podemos levar conosco todas as nossas riquezas, pessoas queridas e conquistas, o que levamos dessa vida?
Ora, tudo aquilo que está dentro de nós (não estou falando dos nossos órgãos, Einstein. Além do mais, sou a favor da doação de órgãos =] ), ou seja, nossos segredos, confissões, conclusões, tudo aquilo que a gente tem dentro de nós, mas que nunca externamos ao mundo por diversos motivos (evitar constrangimentos, frustrações, decepções, atritos, sofrimento, etc).

Até aí, tudo bem: não somos obrigados a sermos sempre sinceros todos os dias de nossas vidas. Mas há um problema: e quando deixamos de externar tais coisas por simplesmente achar que haverá sempre um amanhã?
A solução? Tome cuidado. Sempre haverá um amanhã...
...mas pra você talvez não.

O problema é contar tais coisas enquanto está vivo, pois, apesar do dia seguinte nem sempre existir para algum de nós, na maioria dos casos ele existe! E existirá com ele o fardo de ter revelado um segredo íntimo.
Mas isso não é culpa nossa. Desde os primórdios o mundo nos ensinou a ocultar a verdade, e ainda hoje somos obrigados nossas verdadeiras intenções em sorrisos amarelos e desejos de "bom dia".
Por que então esses segredos individuais não são expostos automaticamente no momento em que vamos dessa para melhor??? Ao morrermos, sai de dentro de nossas almas (???) uma espécie de pergaminho, com tudo aquilo que gostaríamos de compartilhar com nossos futuros companheiros de descanso eterno, que ainda estão nesse curtíssimo estágio existente entre o infinito passado e o eterno futuro, ao qual damos o nome de Vida.
Seria uma invenção brilhante! Seu coração parou de bater e...BOOM!!! Todas as suas verdades são reveladas ao mundo.

Eu gostaria disso...
Não que eu não tenha coragem de contar certas coisas, mas porque eu aprendi com a vida que, às vezes, é melhor poupar um sofrimento desnecessário.
Por exemplo, eu gostaria muito de contar aos meus pais sobre o meu primeiro porre, minha primeira transa e sobre todas as merdas que um muleque sub-urbano do 3º mundo numa cidade grande está apto a fazer: maconha, sexo com desconhecidas, confusão, ilegalidade, PTs e todas as outras coisas boas da vida (sorriso irônico em meu rosto). Mas sei que isso iria magoá-los, e é algo que eles não precisam saber para me conhecer melhor e, em algum casos, eles preferem até nem saber.

Talvez isso não mudasse em nada o sentimento dele para comigo.
Talvez isso faria tudo mudar.
Mas eu prefiro muito mais uma verdade inconveniente do que o conforto da omissão.

Espero que, no dia seguinte de minha morte, cada um saiba um pouco mais de um Thiago Salomão que só eu conheço.
E aproveitando o assunto (caso o amanhã não amanheça para mim)...



eu ainda fantasio como seria se tivéssemos escolhido ficarmos juntos o resto da vida, e apesar de tudo ser mera imaginação, só uma coisa eu tenho certeza: nossos filhos seriam lindos.
eu realmente acertei o pulo.
Forever and ever...

ps: guess what??

lalala